Esses dias, uma paciente me disse: “Doutora, eu sempre fui elogiada pela minha memória. Agora, me pego esquecendo palavras simples no meio de uma apresentação. Sinto que estou perdendo o controle da minha carreira, e ninguém sabe pelo que estou passando.”
Ouço isso com frequência. Mulheres inteligentes, fortes, líderes — e, de repente, cheias de dúvidas. Não porque deixaram de ser competentes. Mas porque entraram numa fase da vida sobre a qual ninguém as preparou para viver: a menopausa.
É como se o corpo e a mente passassem a falar outra língua, mas no ambiente de trabalho esperam que tudo continue igual. As cobranças não param. As reuniões seguem. As metas, os prazos, a entrega. Só que por dentro… algo mudou.
E o pior: ninguém fala disso. Ninguém diz que os calores, a insônia, a irritação sem motivo ou a exaustão mental podem ser sintomas hormonais. Ninguém conta que o cérebro também sente a queda de estrogênio. Que a mulher que sempre deu conta de tudo pode, sim, precisar de apoio — sem ser julgada por isso.
O que vejo são mulheres silenciando seus desconfortos para não parecerem fracas. Muitas se afastam, se encolhem, começam a achar que estão “ficando para trás”. Mas não estão. Estão apenas atravessando um momento que deveria ser visto com mais humanidade — principalmente no mercado de trabalho.
A menopausa chega exatamente quando a mulher está no auge da sua vivência. Com bagagem, visão, maturidade emocional. Justo nessa fase, muitas sentem que estão perdendo espaço. Não por falta de competência, mas por falta de acolhimento.
É por isso que precisamos urgentemente incluir a menopausa nas conversas sobre carreira, liderança e saúde corporativa. Isso não é um detalhe — é parte da jornada. Uma parte rica, poderosa, que pode ser vivida com leveza e saúde, se houver informação e apoio.
Se você está passando por isso, saiba: você não está sozinha. E não precisa dar conta de tudo calada. Seu corpo está falando, e ele merece ser ouvido. Seu espaço foi conquistado com esforço, e você tem o direito de permanecer nele com dignidade — e com saúde.
Menopausa não é fraqueza. É um novo capítulo. E, sim, ele pode ser maravilhoso — se for escrito com consciência, acolhimento e respeito.